Quando nos tentamos lembrar de como aprendemos a juntar as primeiras letras para formar as primeiras sílabas e as primeiras palavras, dificilmente nos conseguimos lembrar de como pudemos fazê-lo em tão tenra idade.
Ao contrário da marcha e da fala, a aquisição da leitura e da escrita não é um processo natural; é necessária aprendizagem formal. Para alguns, essa aprendizagem é mais fácil pois rapidamente compreendem como se converte letras em sons e vice-versa.
Mas, por vezes, por razões de ordem neuropsicológica ou de maturação esses processos são tudo menos simples e fáceis. Quando tal acontece é necessário intervir adequada e rapidamente.
A dislexia é caracterizada por dificuldades significativas na aquisição e no uso das capacidades de escuta, de fala, de leitura, de escrita, de raciocínio ou das capacidades matemáticas.
Esta desordem intrínseca ao indivíduo, pode estar associada a uma disfunção do sistema nervoso central e pode ocorrer ao longo da vida.
Embora estas dificuldades possam ocorrer paralelamente a outras condições de incapacidade ou influências extrínsecas – tais como, diferenças culturais, ensino insuficiente ou inadequado - elas não são devidas a tais condições ou influências.
No DMS-IV, podemos destacar como critérios de diagnóstico:
Capacidade para a leitura, escrita e cálculo (...) substancialmente abaixo do nível esperado para a idade cronológica do sujeito, quociente de inteligência e escolaridade própria para a sua idade;
Os problemas de aprendizagem interferem significativamente com o rendimento escolar ou actividades da vida quotidiana que requerem capacidades de leitura, escrita ou cálculo;
Em presença de um défice sensorial, as dificuldades na capacidade de cálculo são excessivas em relação às que lhe estariam habitualmente associadas.
Esta desordem origina dificuldades de aprendizagem específicas:
Na leitura, nomeadamente no que diz respeito ao aprender os sons das letras, dividir as palavras em sons, erros e na compreensão da leitura e leitura lenta;
Na linguagem oral, nomeadamente má interpretação da linguagem ouvida, falta de consciência dos diferentes sons nas palavras e rimas, e dificuldade na organização dos pensamentos;
Na escrita, nomeadamente na organização das ideias, erros ortográficos e má caligrafia (forma das letras e organização espacial);
Na matemática, nomeadamente na memorização de factos matemáticos, dificuldade na sequencialização dos passos para a resolução de problemas e transposição de dígitos em números.
Esta dificuldade em aprendizagens específicas tem impacto nas crianças e nos jovens, onde destacamos:
Falta de controlo sobre si mesmo;
Dificuldade de ajustamento à realidade;
Problemas de comunicação;
Auto-conceito e auto-estima baixos;
Reduzida tolerância à frustração;
Impulsividade;
Falta de avaliação crítica;
Ausência de discermimento;
Falta de percepção social;
Falta de cooperação;
Raramente antecipam as consequências dos seus comportamentos.
Esta desordem pode ter como consequências reações interiorizadas na criança e nos jovens, como a ansiedade, o evitamento do trabalho escolar, timidez e/ou vitimização, doenças psicossomáticas, recusa em ir à escola e baixa auto-estima.
Neste sentido, avaliação e intervenção é bastante importante para colmatar consequências mais graves. Tendo como principais objectivos o despiste diferencial, facultar linhas orientadoras ao nível da intervenção, e avaliar os progressos após a intervenção.
2 comentários:
excelente post...bjs
Concordo!
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