Como devem ser os pais dos tempos modernos? Democratas ou autoritários? O equilíbrio parece ser a chave do sucesso.
Pais autoritários, pais passivos, pais democratas. Qual o modelo de paternidade mais aconselhado em pleno Século XXI? O equilíbrio parece ser a chave do sucesso, embora nem sempre seja fácil de alcançar.
Não será por acaso que a paternidade é considerado um dos principais desafios que se coloca ao ser humano. Mas parece que de nada vale tentar colocar em prática o modelo que nos foi transmitido pelos nossos progenitores, que por sua vez foi 'beber' inspiração à geração anterior.
Os desafios do século XXI são outros e a geração dos telemóveis e dos chats reclama mais autonomia e parece ter nascido para consumir. Neste contexto, como educar um filho? Pais autoritários, pais passivos ou pais democratas? 'Pais democratas, obviamente, mas democracia não implica negociar até ao impasse, inversão de valores ou laxismo. A democracia exige decisão. Os pais não são nem podem ser 'colegas' dos filhos, mas pais. Afectuosos mas firmes. Pais que amam os filhos mas que os educam e estabelecem regras. Que sabem quebrá-las com os filhos mas ensinando-os os limites', sustenta ao EDUCARE.PT o pediatra Mário Cordeiro.
'E há que estabelecer o espaço dos pais e o espaço dos filhos, em termos físicos, de tempo, de actividades, de expectativas. Os filhos não podem ser um 'buraco negro' que absorve tudo, nem os pais podem ser independentes como se não tivessem filhos. A relação saudável é a da autonomia progressiva, dentro de uma gestão afectiva e efectiva da capacidade de entre-ajuda, de ensino-aprendizagem e de amor', prossegue o professor universitário.
A verdade é que equilibrar a partilha de decisões com o controlo da autoridade nem sempre é fácil. Ser pai é uma 'profissão' que exige sensatez, solidez, esclarecimento, bom-senso. Tudo coisas nem sempre fáceis de alcançar, principalmente numa sociedade a braços com problemas como o insucesso escolar, a toxicodependência, a gravidez na adolescência, o alcoolismo e a violência.
Daniel Sampaio traça os diferentes tipos de pais existentes: 'No caso dos pais indulgentes aplica-se o lema 'Criança rei, adolescente tirano'. Há um facilitismo e uma passividade excessivos durante a infância, que dão origem a dificuldades acrescidas na adolescência: são os mais novos que controlam toda a rotina da família. Já os progenitores autoritários não exprimem qualquer desejo de 'negociar' com os filhos, cultivando a obediência àquilo que eles julgam estar certo. Estes pais não têm muito sucesso educativo e necessitam de ser ajudados a rever a interacção dos filhos', explica.
Segundo o autor, os pais ausentes são pouco cuidadosos: 'Encaram a educação como uma relva que é preciso deixar crescer sem grandes atenções. Só uma aparadela, de vez em quando', postula o psiquiatra especialista em adolescentes.
O modelo mais equilibrado é, por isso, o tendencialmente democrata. 'Os pais democratas estão extremamente atentos aos movimentos dos filho, escutam as suas opiniões mas a decisão final é deles. Estão atentos aos sinais de prazer e desprazer que os filhos emitem mas são capazes de traçar limites', sentencia Daniel Sampaio.
Daí que os pais não devam abandonar de todo a autoridade. 'É preciso claramente que os pais tenham autoridade desde que o filho nasce até que saia de casa', refere o psiquiatra. 'Mas uma autoridade dita democrática. O voto de uma criança com três anos não pode ser igual ao voto do pai que tem 30, embora a sua opinião deva ser respeitada. Os pais devem fazer compromissos com os filhos mas mantendo a capacidade de decidir', acrescenta.
Daniel Sampaio alerta ainda para a questão da segurança, à qual os pais devem estar particularmente atentos, dada a existência de riscos, hoje em dia, que não existiam anteriormente. 'Uma coisa é correr alguns riscos, próprio da adolescência, outra é ter um comportamento de risco permanente', avisa.
Normalmente esse comportamento comporta mais do que uma variável e traduz-se, segundo o médico, no consumo de álcool e drogas, absentismo escolar, depressão, auto-mutilação e sexo sem protecção.
in: Educare
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