A sala programada inicialmente foi pequena para receber os mais variados públicos que aderiram à iniciativa.
Alunos de mestrado em educação especial, docentes e pais fizeram desta manhã uma verdadeira partilha que contou com a dinamização de uma família que recebeu desde o nascimento com toda a aceitação uma criança com diagnóstico de trissomia 21.
Sim a família.
Sandra Morato foi a mãe que assumiu o compromisso da partilha desta manhã mas não veio sozinha. Trouxe com ela o resultado dos afectos que proporcionou muito mais que uma mera exposição de factos.
Proporcionou in loco aos presentes “as características reais de uma criança que independentemente de um cromossa a mais ou a menos é uma criança como todas as outras”. Com capacidades e direitos. Talvez com uns pormenores que comparou ao acesso à internet. Uns computadores são mais rápidos que outros. Alguns acedem rapidamente a um site, outros vão mais devagar…mas chegam lá, fazem precisamente a mesma tarefa!
Penso que a metáfora é perceptível…
...Aliás, em minha opinião, devia ser mesmo uma mensagem a reter constantemente!...
A família, obviamente estende-se ao pai, focando também a importância da fratria na utilização das estratégias referindo que são parte integrante do processo.
Descrever uma manhã onde se assistiu a um filme, à descrição de todo um processo desde o nascimento até às vivências actuais é impossível resumir, devido ao relato perseverante, decidido e carregado de afectos que não se conseguem codificar em escrita.
Docentes solicitam constantemente sessões de formação creditada… os alunos e docentes que hoje estiveram presentes puderam constatar que esta partilha jamais poderia ser substituída por qualquer aula teórica ou sessão creditada sobre esta temática. Temática da inclusão, tão simples quanto isso.
Não foi só falar do elencar as características das crianças com este síndrome, nem constatar todos aqueles caminhos sinuosos por onde cada família passa, desde a relação com os técnicos de saúde às dificuldades na educação (que foi, e é sobejamente conhecido de todas as famílias e compartilhadas por todas as que estiveram presentes). Foi muito mais rico que isso, que a minha escrita não poderá revelar o que só se sente através do sentimento, da mensagem que toca a epiderme de cada um.
Uma situação foi bastante realçada, a necessidade de “colo” destes pais. Não será compreensível este factor, quando ainda as mentalidades não agem com normalidade, naturalidade e com todo o respeito que qualquer indivíduo merece na sociedade de que faz parte?
A inclusão é possível, desde que haja investimento, da família desde o nascimento, na parceria efectiva com todos os técnicos e de todo o cidadão.
Esta sessão foi um testemunho pessoal que está editado em livro, reflexo de um percurso de uma mãe que pretende ajudar outros pais, contribuir para um caminho que excluirá o preconceito e sobretudo mais do que divulgar o seu relato que partilha envolvido em afectos, segurança e firmeza na educação, reivindica que todos os cidadãos têm de alertar para a falta de acessibilidades e serem responsáveis pela oferta de oportunidades que contribuem para uma oportunidade de igualdade para todos.
Mais do que o compromisso que cada um de nós tem neste papel, é compreender estas famílias para que dessa forma ajustem as suas mentalidades e consigam ver, e passo a citar a dinamizadora, “as capacidades para além do rosto”.
Dar voz às famílias torna-se cada vez mais premente numa sociedade que se quer inclusiva. Mais do que uma partilha de Falando com quem escreve foi uma manhã irreptível … especial, de testemunho de quem vive na primeira pessoa uma viagem com destino desconhecido mas de experiência inesquecível com a qual muito temos que aprender e que só podemos (devemos), cada vez mais respeitar.
EC
5 comentários:
Obrigado Elvira deixou-me sem palavras e com um nó na garganta, mas apenas partilhámos a nossa história, as n/ emoções, o nosso percurso. Um percurso de uma qualquer familia especial que tem um vida normal, sendo que o conceito de normalidade varia de pessoa para pessoa e deve ser respeitado nas suas várias vertentes. Obrigado pela oportunidade de poder com o nosso contributo ajudar a dinamizar uma mudança de mentalidades, comportamentos e atitudes e mais uma vez o quão imperioso que é que a Sociedade encare a Deficiencia com a Naturalidade, Normalidade e Respeito que merece. OBRIGADA nós! E sempre ao dispor se mais alguma vez pretenderem dar uma "aula pratica" aos alunos.BEM HAJA!
São iniciativas como estas que me fazem "crescer" mais um pouco como profissional.
Também me possibilitou repensar novamente nas opcções metodologicas a adoptar.
Obrigada pela partilha.
Parabens, Querida Sandra, pena ñ ter la estado, mas a vida nem sempre é como nos queremos, quem me dera largar tudo e dedicar-me 100% aos nossos meninos.Um beijo Grande, Bem Bem Haja.
Carolina
Olá!
Parabéns à Sandra pelo excelente momento que proporcionou...Tive muita, mas mesmo muita pena em não ter estado presente...Mas tal como lhe disse sempre...Sabia que iria "brilhar"...
Elvira, também tu mereces um grande abraço de parabéns...Pela iniciativa e por nunca desistires...
Já partilhei...
http://gritodemudanca.blogspot.com/
Um beijnho muito especial para as duas...
Boa noite.
É o seguinte Sandra, sou uma estudante e estou a ler o seu livro, ainda não o acabei e estou a adorar, gostaria de lhe fazer umas perguntas e uma proposta.
Gostaria também de ter algum contacto para uma conversa.
Aguardo uma resposta breve
beijinhos Sandra!
Rita
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