"Mais um caso de nacional-sexualismo que se tenta impor às crianças". É assim que reagem, a Fábio e Nuno, os pais da Plataforma Resistência Nacional (RN), a mesma que contesta a aplicação da Educação Sexual no sistema público de ensino. Para o porta-voz do colectivo, Artur Guimarães, "há a tentativa de se impor a homossexualidade às pessoas".
"Tenho seis filhos e não posso metê-los na escola privada. Estão na escola pública, para onde avança a Educação Sexual. Aqui é uma série de televisão, logo, posso desligar", diz, frisando "ser lamentável que uma operadora de televisão ponha, à tarde, um produto no mercado com tais características". "A questão da homossexualidade não é tabu. Mas quer dar-se a ideia de que é uma moda", conclui.
"Não há invenção da realidade"
A Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap) acredita que a série juvenil cumpre a sua obrigação de retratar a realidade, ao incluir um casal gay.
"Enquanto cidadãos, numa sociedade que se quer plural, temos de respeitar e merecer o respeito dos outros. Não me parece chocante as nossas crianças encararem outra orientação sexual", admite Albino Almeida, presidente da organização. "Espero que essa novela, que num passado recente já teve algum episódios que condenámos, principalmente em matéria de violência, mantenha o que tem vindo a revelar e bem: outras realidades sociais", acrescenta.
Opinião partilhada por Margarida Lima Faria, da Associação de Mães e Pais pela Liberdade de Orientação Sexual (Amplos), que defende a necessidade de "habituar os espectadores a ver nessas plataformas [televisão] exemplos reais". "Não estamos a inventar uma realidade que não exista. No fundo, o que se pretende é que estas e outras personagens aparecem de uma forma natural, tendo reacções naturais de afecto", refere.
A socióloga, que criou a Amplos para apoiar os pais que lutam pelos direitos dos seus filhos homossexuais, sublinha ainda o peso que esta produção tem junto dos mais novos: "estes jovens actores, devido às suas personagens, contam com um carisma enorme".
"É importante que se saiba que os nossos filhos, amigos, conhecidos, que se fecham em si mesmo, devido à sua orientação sexual, verão alguém como eles a ser feliz. Não queremos influenciar os actos criativos mas é bom que apareçam estas personagens, por isso mesmo", garante.
NUNO MIGUEL ROPIO
http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=1592611
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