Tardoz – Um projecto diferente
Dois músicos em palco. Um conjunto de instrumentos espalhados desordenadamente. Uns quantos convidados compondo o ramalhete. E uma música inebriante que contagia os sentidos.
Mas afinal que é isto de Tardoz? Palavra estranha esta… hem?!
Se se recorrer à definição de dicionário, entre outros atributos, encontra-se “parede exterior de um edifício oposta à que se encontra virada para o arruamento” (*).
Se duma normal transposição se tratasse, poder-se-ia afirmar que se trata de música transversalmente oposta àquela a que os nossos sentidos sensoriais estão habituados. E a sua estranheza… Donde nos chega? Que universos sonoros atravessa?
Tal como a palavra Tardoz, à primeira auscultação, não nos soa a nada… custa mesmo até soletrar. Entre o nosso desconhecimento natural de tal terminologia, também a primeira sensação de desconhecimento desta música nos assalta. Parece quase tratar-se de algo desconfortável até. Contudo vai-se entranhando lenta e inexoravelmente, sofrendo várias mutações e, dum momento para o outro, já nos deixámos levar pelo seu balanço, qual ser embalado pelo instrumento do seu tratador. E assim… não há volta a dar! Deixemo-nos pois levar por esta miscelânea de efeitos sonoros, vozes suaves, e comunguemos duma mesma partilha de emoções. Um experimentalismo sóbrio e calculado transporta-nos numa experiência musical, senão diferente, pelo menos inédita em termos da jovem faixa etária dos seus executantes.
Assim nasce do e num Tardoz, o EP que será disponibilizado “online” com o titulo Urinoishe. (Se Tardoz nos estranha, Urinoishe, à partida, não se entranha…) Para ouvir e fruir vezes incontáveis, como se duma dependência visceral se trate.
As ferramentas desta experiência sonoro musical, vão desde os cordofones (guitarra eléctrica, acústica e baixo), às teclas e percussões, programações computacionais, “sampling”, brinquedos modificados, enfim, tudo o que a imaginação alcança.
E o conteúdo humano em jogo: por um lado Gustavo Almeida, conhecido por Liberdade, músico jovem de acentuada reputação; por outro, João Guerreiro, também conhecido por Shizien, músico e jovem actor. Além de ambos, o palco é também partilhado por outros jovens músicos de igual talento e, sobretudo manifesta cumplicidade. Afinal a idade não é um posto. É sim, um claro e manifesto sentido de afirmação.
Não percam pois. Vamos ouvi-los e vê-los… ou, porque de palavras estranhas se falou nesta missiva, porque não “ouvê-los”?!
PJAlmeida
PJAlmeida
(*) Dicionário “online” de Língua Portuguesa da Porto Editora
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