por Cláudia Garcia, Publicado em 07 de Junho de 2010
Estudo que incide sobre três mil crianças mostra que as creches são positivas e promovem o aproveitamento escolar
Na hora de levar o filho à creche, os pais já não precisam de sentir remorsos. E as mães podem prosseguir a sua carreira após a maternidade sem se sentirem culpadas por isso. O ensino pré-escolar está melhor desde 1996. A grande maioria das crianças que começaram a frequentar o ensino pré-escolar com menos de dois anos "está bem" e terá "muitos benefícios". Estes são alguns dos resultados obtidos pelo maior estudo de Prestação Efectiva de Educação Pré-Escolar (EPPE) realizado na Europa.
Os pais podem esquecer a ideia de que antes dos três anos é demasiado cedo para entrar no ensino pré-escolar. O estudo do Departamento de Crianças, Escolas e Famílias do Instituto de Educação da Universidade de Londres tem analisado, desde 1996, três mil crianças entre entre os três e os 11 anos de idade e revela as consequências positivas das creches no comportamento e no aproveitamento escolar. Kathy Sylva, professora da Universidade de Oxford e principal investigadora do EPPE disse, em entrevista ao "Sunday Times", que muitos pais se preocupam "desnecessariamente" com esta questão. A "grande maioria das crianças" não é prejudicada no futuro por frequentar uma creche em idade inferior aos dois anos, pelo contrário".
Jaime Pinho, coordenador do Movimento Escola Pública, tem a mesma linha de pensamento: "A creche é muito importante pelo contacto, convívio e brincadeira. Desde o primeiro ano de vida já é absolutamente fundamental. E a criança terá melhor aproveitamento escolar no ensino obrigatório." Kathy Sylva confessa que recebe telefonemas de pais a chorar porque precisam de trabalhar para manter os rendimentos da família. "Sentem-se mal por deixarem os filhos na creche", explica. Jaime Pinho sublinha a importância do ensino pré-escolar no contexto familiar: "O pior que os pais podem fazer é comprometerem o seu bem-estar e as suas carreiras com medo de recorrerem às creches."
A investigadora britânica defende que a creche é uma boa opção: "Há muitas coisas que [os pais] podem fazer para se certificarem de que o filho faz parte da maioria [que está bem nas creches]. Por exemplo, falar com outros pais e, para poderem avaliar a qualidade da creche, fazer algumas visitas inesperadas."
Do ponto de vista médico, a pediatra Arlete Crisóstomo alerta para as infecções e vírus que se propagam entre as crianças nas creches e que são "prejudiciais" para miúdos "tão novos". "São mais vulneráveis nessa idade, mas faz parte do crescimento", diz a pediatra, embora sublinhe a importância do ensino pré- -escolar na formação da personalidade da criança: "A partir dos dois anos é fundamental." Arlete Crisóstomo afirma que nos primeiros dois anos é preferível a criança receber um "acompanhamento individualizado" porque precisa de interacção e atenção personalizada e, na creche "muitas vezes não vai receber". Porém, a creche "será sempre preferível a uma ama". A pediatra assegura que a qualidade das creches depende da relação numérica entre os miúdos, os educadores e a formação destes.
Opinião que é fundamentada no EPPE: "Os alunos com melhores resultados estão associados a creches com educadores qualificados e que são alvo de inspecções regulares."
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