A INCLUSÃO NAS ESCOLAS
Felicity Armstrong e
David Rodrigues
Fundação Francisco Manuel
dos Santos (2014)
Desde 2010 que a Fundação
Francisco Manuel dos Santos, a par das conferências “Questões-Chave da
Educação”, nos proporciona, na coleção com o mesmo nome, diversas publicações.
A mais recente, já na
décima segunda conferência (e consecutiva edição) intitula-se “A inclusão
nas escolas".
A inclusão é hoje um
conceito sobejamente conhecido e abordado por todos, porém, ainda pouco
consensual entre a sua definição e prática. Mais do que um conceito, a inclusão
abrange toda uma concepção de escola para todos. A inclusão enquanto conceito é
referido por muitos, enquanto a prática efetiva não se coaduna, nem com a
legislação que a preconiza, nem com as atitudes de muitos que supostamente a
praticam.
Para além da legislação e
de discursos inclusivos, a escola vivencia obstáculos de ordem social e de
escassos recursos. A escola para todos preconiza-se, mas embora
todos tenham acesso à escola, as práticas nem sempre são diferenciadas de
acordo com o indivíduo. As experiências e práticas pedagógicas estão longe de
ser acessíveis a todos e continuam, em muitos casos, a ser dirigidas para um “TODO
homogéneo”.
Felicity Armstrong,
investigadora inglesa, professora de Educação no Instituto de Educação da
Universidade de Londres, que tem acompanhado vários estudos de práticas
inclusivas, apresenta neste livro reflexões, não só em torno do conceito
(definição e evolução histórica), como sintetiza experiências que reflete sobre
as práticas partindo da investigação.
David Rodrigues,
presidente da Pró-Inclusão, aborda a inclusão da única forma que pode e deve
ser tratada, como uma questão de direitos humanos.
Ambos os autores,
quer no livro, como na apresentação do mesmo, que teve lugar em duas sessões,
nomeadamente dias 15 e 16 de outubro, uma delas em Faro (Grande Auditório da Universidade do Algarve) e a outra em Lisboa (Auditório da Torre do Tombo), refletiram sobre como a inclusão acontece nas
escolas e como poderá ela ser melhorada?
Curiosamente, em ambos os
países, a situação parece não divergir muito no que se refere à prática em
currículos inflexíveis e em muitos casos nada inclusivos.
Felicity Armstrong, no
debate enfatizou a importância do Index
para a Inclusão e o construtivismo social no modo da aprendizagem. David
Rodrigues, na sua apresentação, partindo da simbologia da capa do livro,
sublinhou a equidade, ou a ausência desta, na questão da diferença. Com a
premissa de que nenhuma criança deve ficar para trás, enfatizou o compromisso
da escola, enquanto responsável educativo, de educar todos os alunos de acordo
com o que cada um necessita, de modo a proporcionar uma efetiva igualdade de
oportunidades a todos, o que obviamente não significa dar a todos o mesmo, incorrendo
em fator de exclusão.
Aconselho a leitura do
livro. Ao vídeo do debate podem aceder no site da Fundação em: http://goo.gl/m4QON0.
Elvira Cristina
Silva
in: Educação Inclusiva - Vol. 5. Nº 2 - dezembro 2014 - pág. 29
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