Ser... Docente de Educação Especial:
Um olhar que se expande e pondera, que reflecte o sentido orientador da acção educativa
Em tempos não muito recuados (2004) apresentei uma comunicação num encontro intitulado “Despertar na diferença – Cruzar caminhos, procurar respostas”. Mudaram entretanto os enquadramentos legais e as nomenclaturas mas revisão feita ao texto o essencial mantêm-se, pois a questão está no SER e Saber FAZER.
Pretendo neste testemunho, reflectir sobre as práticas desejáveis de qualidade em contextos inclusivos, no que se considera desejável na comunidade educativa ao nível da intervenção, enquanto DEE (docente de educação especial), contribuindo para a redefinição dessas mesmas práticas. Olhar para dentro das coisas, estando dentro delas. Só reflectindo sobre o sentido da nossa atitude pedagógica terá significado a nossa intervenção junto de crianças com necessidades educativas especiais.
SER DEE, é a disponibilidade para diversas funções desde a necessidade de desenvolver atitudes pedagógicas correctas, sensibilizando para a importância da mudança de atitudes face à diferença e individualidade do ser humano, não discriminando e respeitando-o.
É promover consequentemente, o conhecimento e a reflexão sobre a Escola Inclusiva, junto dos profissionais do regular e auxiliares da acção educativa, bem como da comunidade em geral: Compreender e intervir na diferença, Importância da estimulação na intervenção, Papel dos intervenientes no processo educativo, Sinais de alerta no desenvolvimento das crianças, entre outros.
SER DEE, é escutar os pais nas suas ansiedades, fraquezas e stress acrescidos, mas também de forças e vitórias jamais pensadas alcançar, redobrar as forças da mãe que nos questiona se o filho alguma vez vai conseguir andar, ou conseguir falar, ou ir para à escola, ou arranjar um emprego, ou mesmo, como será quando os pais morrerem?
SER DEE, é acompanhar os pais naquela consulta de desenvolvimento, a consulta da esperança, onde se criam expectativas, desabavam-se sentimentos ou choram-se angústias, onde aceitam ou não, um dia de cada vez...
SER DEE, é procurar dar respostas sociais mais funcionais, embora com inúmeras insuficiências que ainda persistem. Acesso à escolarização, à informação, às tecnologias, autonomia, cidadania, integração social, igualdade de oportunidades, ou seja, direitos inquestionáveis de todos os indivíduos, mas que colocam questões complexas ao funcionamento de uma sociedade que manifesta e apela ainda, incessantemente a tendências hegemónicas.
SER DEE, é, essencialmente, a meu ver, um espaço de partilha entre agentes educativos (com pais fundamentalmente) com o seu saber, de enriquecimento de experiências. É esse o significado da partilha. Como uma mãe referiu numa avaliação de fim de ano lectivo “eu estava à espera de receitas... mas ajudou a modificar o meu comportamento com o meu filho.”
SER DEE é utilizar, em conjunto com os professores titulares de turma e auxiliares da acção educativa, o recurso a pedagogias diferenciadas, condição indispensável para a promoção de igualdade de direitos e oportunidades educativas. Esta premissa, torna-se ainda mais premente em contextos escolares etnicamente heterogéneos. O respeito pela individualidade exige o recurso a práticas ajustadas a essa diversidade. Como é fundamental respeitar a individualidade de cada criança nos seus sentimentos, assegurando-lhes que são compreendidas e respeitadas e que terão auxílio se dele o necessitarem e/ou desejarem.
Esta capacidade do DEE, exige uma reflexão sobre o tipo de resposta que se dá às crianças em função da sua personalidade, do seu passado educativo e dos seus projectos pedagógicos. É participar e apoiar as famílias na transição do jardim de Infância para o 1º Ciclo e deste para os outros ciclos, é acompanhar os pais na escolha dessa mesma escola.
SER DEE é fazer parte de uma enorme cadeia onde todos os agentes educativos dependem uns dos outros, e são peças fundamentais para uma plena educação inclusiva. Como se de um dominó gigante se tratasse, colocado com as suas peças em pé, se cai uma peça, acabam por cair muitas peças mais! Já usei esta metáfora em relação a questões e atitudes ambientais, mas aplica-se igualmente na educação, pois é uma questão de cidadania. Noção de equidade e justiça sociais eliminando a discriminação.
Muito poderia escrever-se, mas o que considero essencial é que não se regulamenta a atitude pedagógica, por decreto ou legislação, mas sim pela vontade e empenhamento de cada profissional, porque essencialmente:
SER DEE, em qualquer contexto, fora ou dentro da escola, é um estímulo permanente ao desenvolvimento profissional e pessoal, de todos aqueles que nesta actividade se envolvem, é um reforço e um encorajamento para continuar diariamente a realizar o nosso trabalho, espelhando-se nele uma desejável e permanente melhoria da prática pedagógica.
EC
SER DEE, é a disponibilidade para diversas funções desde a necessidade de desenvolver atitudes pedagógicas correctas, sensibilizando para a importância da mudança de atitudes face à diferença e individualidade do ser humano, não discriminando e respeitando-o.
É promover consequentemente, o conhecimento e a reflexão sobre a Escola Inclusiva, junto dos profissionais do regular e auxiliares da acção educativa, bem como da comunidade em geral: Compreender e intervir na diferença, Importância da estimulação na intervenção, Papel dos intervenientes no processo educativo, Sinais de alerta no desenvolvimento das crianças, entre outros.
SER DEE, é escutar os pais nas suas ansiedades, fraquezas e stress acrescidos, mas também de forças e vitórias jamais pensadas alcançar, redobrar as forças da mãe que nos questiona se o filho alguma vez vai conseguir andar, ou conseguir falar, ou ir para à escola, ou arranjar um emprego, ou mesmo, como será quando os pais morrerem?
SER DEE, é acompanhar os pais naquela consulta de desenvolvimento, a consulta da esperança, onde se criam expectativas, desabavam-se sentimentos ou choram-se angústias, onde aceitam ou não, um dia de cada vez...
SER DEE, é procurar dar respostas sociais mais funcionais, embora com inúmeras insuficiências que ainda persistem. Acesso à escolarização, à informação, às tecnologias, autonomia, cidadania, integração social, igualdade de oportunidades, ou seja, direitos inquestionáveis de todos os indivíduos, mas que colocam questões complexas ao funcionamento de uma sociedade que manifesta e apela ainda, incessantemente a tendências hegemónicas.
SER DEE, é, essencialmente, a meu ver, um espaço de partilha entre agentes educativos (com pais fundamentalmente) com o seu saber, de enriquecimento de experiências. É esse o significado da partilha. Como uma mãe referiu numa avaliação de fim de ano lectivo “eu estava à espera de receitas... mas ajudou a modificar o meu comportamento com o meu filho.”
SER DEE é utilizar, em conjunto com os professores titulares de turma e auxiliares da acção educativa, o recurso a pedagogias diferenciadas, condição indispensável para a promoção de igualdade de direitos e oportunidades educativas. Esta premissa, torna-se ainda mais premente em contextos escolares etnicamente heterogéneos. O respeito pela individualidade exige o recurso a práticas ajustadas a essa diversidade. Como é fundamental respeitar a individualidade de cada criança nos seus sentimentos, assegurando-lhes que são compreendidas e respeitadas e que terão auxílio se dele o necessitarem e/ou desejarem.
Esta capacidade do DEE, exige uma reflexão sobre o tipo de resposta que se dá às crianças em função da sua personalidade, do seu passado educativo e dos seus projectos pedagógicos. É participar e apoiar as famílias na transição do jardim de Infância para o 1º Ciclo e deste para os outros ciclos, é acompanhar os pais na escolha dessa mesma escola.
SER DEE é fazer parte de uma enorme cadeia onde todos os agentes educativos dependem uns dos outros, e são peças fundamentais para uma plena educação inclusiva. Como se de um dominó gigante se tratasse, colocado com as suas peças em pé, se cai uma peça, acabam por cair muitas peças mais! Já usei esta metáfora em relação a questões e atitudes ambientais, mas aplica-se igualmente na educação, pois é uma questão de cidadania. Noção de equidade e justiça sociais eliminando a discriminação.
Muito poderia escrever-se, mas o que considero essencial é que não se regulamenta a atitude pedagógica, por decreto ou legislação, mas sim pela vontade e empenhamento de cada profissional, porque essencialmente:
SER DEE, em qualquer contexto, fora ou dentro da escola, é um estímulo permanente ao desenvolvimento profissional e pessoal, de todos aqueles que nesta actividade se envolvem, é um reforço e um encorajamento para continuar diariamente a realizar o nosso trabalho, espelhando-se nele uma desejável e permanente melhoria da prática pedagógica.
EC
3 comentários:
Tu escreves mesmo bem cachopa. Que inveja! É isso mesmo. Está muito bom! Gostas mm do q fazes!
Muito forte este texto... Como mãe, e porque tenho a riqueza e a sorte de o meu filho ter professoras de NEE exactamente assim, é também assim que as vejo (lamentavelmente não a todas, mas quero acreditar que a grande parte). São pessoas como voces que fazem a diferença, e fico sempre até comovida por sentir como se entregam! Devo confessar que acho a vossa profissão, uma entrega e uma luta muito maior do que qualquer outra, quando é exercída da forma como aqui postou... e eu não tereí nunca forma suficiente de agradecer tudo o que o meu filho tem recebido das pessoas excepcionais que o têm acompanhado, sentir-me-ei sempre em dívida, porque não há nada que pague o SER de que aqui fala! Por vezes até me sinto pequena, porque eu sinto que ser mãe de um menino especial faz-nos naturalmente lutar com mais força e nunca desistir... mas convosco aprendi que o amor incondicional e gratuito existe e pode não ser só por um filho, pode ser por uma causa por muitos filhos... isso emociona-me muito e faz-me sentir que não é nenhum "feito" lutar pelo bem estar de um filho! Outras vezes sinto que o meu menino não é só meu, é também das pessoas que o amam desta forma e se dedicam... OBRIGADA SEMPRE - a nossa vida fica bem melhor com a vossa "mão"... o vosso papel marca definitiva e totalmente a vida de cada uma destas crianças e tem por certo marcado o caminho da necessidades educativas especiais no mundo. E é tão bom sentir-mos que não estamos sózinhos quando falta ainda tanto caminho!
A escola inclusiva tem de partir do princípio que a diversidade é um aspecto enriquecedor de um grupo. As necessidades educativas especiais fazem parte da escola de todos... de todos nós e assim, as respostas que encontramos para alguns, podem beneficiar todos.
A inovação das práticas educativas, vai claramente no sentido da promoção da escola para todos, entendida como uma estrutura educativa de suporte social que se ajuste a todos os alunos independentemente das suas condições físicas, sociais, étnicas, religiosas, linguísticas, que aceite as diferenças, que apoie as aprendizagens, que promova uma educação diferenciada e que responda às necessidades individuais, deixando assim de ser institucionalmente segregadora.
Ser docente de Educação Especial é...Ser um Ser Humano, um amigo compreensivo para cada criança e amigo...não posso acrescentar mais a este excelente post...
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