Rodrigues, David e Magalhães, Maria Bibiana (Org.) (2007). Aprender Juntos para Aprender Melhor. Fórum de Estudos de Educação Inclusiva – Faculdade de Motricidade Humana
Aprender juntos para aprender melhor, porque a Inclusão para além de um direito é um dever, uma oportunidade que nos torna mais humanos!
Para além de uma grande verdade esta é a ideia central deste livro - uma edição do Fórum de Estudos de Educação Inclusiva - que resulta da compilação de algumas das comunicações apresentadas no Simpósio Nacional “Educação Inclusiva: que perspectivas?”, nomeadamente David Rodrigues, Francisco Carvalho, José Morgado, Jorge Serrano e Teresa Brandão.
David Rodrigues intitula o seu artigo de “Sopa de Pedra” e Educação Inclusiva utilizando como analogia, a sabedoria do frade que usa a pedra como estratégia para adicionar outros ingredientes à sopa. Deste modo a organização escolar, mais do que eliminar barreiras e suprimir as dificuldades, deve encontrar as condições necessárias para a mudança inclusiva dado que, na grande maioria dos casos, tem ao seu alcance as respostas necessárias para a optimização desse espaço educativo/escolar para o combate à exclusão e descriminação.
O artigo “Escola para todos? Perspectivas da Ecologia Humana” de Francisco Carvalho, refere a existência de dois pressupostos em educação inclusiva, o de analisar a educação das crianças com deficiência, devendo ter conhecimentos da problemática em questão, e por outro lado, analisa-la numa perspectiva de ecologia humana, abrangente e diversificada.
José Morgado no seu “Contributo para a definição de uma política (de facto) Inclusiva” salienta a necessidade de se definirem modelos de organização institucional com a clarificação de competências e objectivos; de se identificarem e regularem as actividades desenvolvidas no âmbito da educação inclusiva, bem como se desenvolverem estratégias que resultem em apoio verdadeiramente efectivo. Capaz de promover uma educação de qualidade para todos.
Na procura de respostas diferenciadas e ajustadas ao aluno e ao grupo, como facilitadoras da qualidade em educação inclusiva, Jorge Serrano no seu artigo “A sala de aula: Porta para a realidade ou para a utopia da educação inclusiva?” apresenta-nos alguns procedimentos metodológicos conducentes à implementação de práticas e de ambientes inclusivos.
Sem menosprezar nenhum dos artigos, realço o artigo de Teresa Brandão - “Inclusão de crianças com necessidades educativas especiais na creche e jardim infantil - elementos de sucesso” – pela pertinência da abordagem em contextos de creche e jardim-de-infância, onde refere a vantagem do contacto precoce de crianças, com problemáticas ao nível do seu desenvolvimento, com os seus pares.
Elvira Cristina Silva
Publicado posteriormente in: Newsletter nº 62 - junho 2013 - pág. 5 (2ª quinzena) - Pin-ANDEE
3 comentários:
Não há duvida de que uma precoce intervenção sobre crianças com NEE tem tremendos benefícios e uma das mais importantes "intervenções" seria um acolhimento positivo das creches e infantários que recebem estas crianças. Esta é uma fase rica na absorção que fazem àquilo que os rodeia. Entra aqui a capacidade de imitação que grande partes destes meninos efectivamente também tem, e o papel que pode ter esta forma de "terapia" no desenvolvimento das crianças com dificuldades. Para o meu filho, foi muitíssimo importante, e foi-o, mesmo que nem sempre nas melhores condições (Penso que me entende). Foi uma fase de grandes desenvolvimentos que a meu ver, se deveu sobretudo ao facto de ele estar inserido com todas as crianças e não ter estado isolado. Esta foi uma "terapia" preponderante. (Devo-o às pessoas que se esforçaram para isto fosse possivel).
Pena que poucos na sociedade entendam como isto é benéfico para estas crianças, e não demonstrem interesse em proporcionar-lhes da forma adequada esta possibilidade. Bem sei que cada caso é um caso, e alguns poderiam não ter um grande sucesso, mas mal não faria... pelo menos tentarem. A todos os outros que teriam uma maior capacidade para beneficiar com esta integração, seria tão bom que os acolhessem bem. Muitos obstáculos se colocam aqui: desde logo os profissionais e auxiliares (as pessoas),que à partida limitam, mesmo sem quererm, os horizontes a estas crianças porque elas vêm com um rótulo; depois - e o mais dificil de aceitar por nós pais - é o afastamento de outros pais, cujos filhos não apresentam dificuldades... a segregação, o não querer que privem muito com os nossos por receio que os prejudique... Isto também é um impeditivo e é pena, porque acho que também eles teriam a ganhar, além de que nada destas problemáticas são "contagiosas". È a ignorancia a actuar em conjunto com um medo do desconhecido e a ansia de ser pai e mãe... (Até entendo que o sentissem momentanea e instintivamente), mas podiam parar para pensar que somos também pais e mães como eles, apenas temos uma luta maior... muito maior.
Olá Cristina
No seu comentário está lá tudo...Entendo-a perfeitamente, sei que as familias deveriam todas sem excepção ser apoiadas na fase inicial da inclusão das crianças sem rodeios e entraves alguns. Já não basta o stress acrescido q estas familias têm (sei q me entende) deveria ser posto de parte a necessidade de uma luta constante para eleminar barreiras ( e não são as arquitéctónicas q + me preocupam mas as barreiras ideológicas de muitos individuos). Sem dúvida acredito que APRENDER JUNTOS não é uma filosofia. É um dever de cidadania, porque como diz, todos temos a ganhar. É lento o processo, mas acredito que estamos no percurso certo...Muitos de nós pelo menos esforçamo-nos por isso.
Um abraço
Elvira
As práticas de Intervenção Precoce podem e devem constituir-se como uma dinâmica para potenciar e optimizar a participação comunitária de forma a atenuar ou eliminar as barreiras económicas, socioculturais e psicológicas que são experienciadas no seio de muitas famílias.
O Envolvimento Parental é uma variável de sucesso no programa de Intervenção Precoce. A colaboração entre a família e os técnicos é extremamente útil e benéfica não só para a criança como para os seus pais e, por conseguinte, para os profissionais envolvidos.
O sucesso da Intervenção Precoce está intimamente relacionado com a qualidade dessa mesma relação família/técnico, podendo esta melhorar os sentimentos e a auto-estima da família onde o apoio é prestado.
O artigo é excelente...os comentários a este artigo deixaram-me sem palavras...Muito Bom!!!
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