Eu até sei voar – Romance do quotidiano de uma
professora
Paola Mastrocola
Editorial Presença (2001)
Uma
obra de ficção mas que podia ser realidade. Ou será mesmo que não tem por base
a realidade, sendo a autora, ela própria professora?
Uma
mistura entre narrativa do narrador heterodiegético e a própria protagonista.
A personagem principal aborda a relação com
os alunos que torna o professor preferido daqueles, ou pelo menos de alguns.
A
escola das reuniões infrutíferas (pág. 106), a importância da leitura (pág. 110),
os professores e o talento (pág. 51), o pensar dos alunos (pág.
79.) e a importância da própria escola (pág. 134). Analogismos com a vida pessoal, as metáforas da
escola e do desejo dela. O ser professor, os pais.
“Eu até sei voar” remete para o acreditar
e persistir nas capacidades voadoras dos galináceos numa analogia do acreditar
do “voar” individual. A analogia do
voo também (mencionado em Pennac - Mágoas na Escola 2007), a crença no aluno por parte do professor, mas também da
crença nas próprias competências, simbiótica da individualidade com a
profissão. A relação com os outros que se explana entre a amizade e a mútua
descoberta.
Divertido
e perspicaz, este romance olha a escola com conhecimento de causa, personificando
personagens e quotidianos hilariantes, como por exemplo a inércia dos alunos
perante a literatura.
Um
livro despretensioso no relato idílico da vida. Justamente, a autora recebeu o
prémio Italo Calvino de 1999 com este romance. De certa forma existe na
narrativa de Paola Mastrocola uma aproximação à de Calvino, originalidade
narrativa, satírica e humorada, com inesperados episódios e divertidos
desfechos.
Elvira Cristina Silva
(dezembro 2015) - página 36)
Nota: Agradeço à minha querida amiga Lina Paula o conhecimento deste livro, sem ela esta recensão não teria sido feita.
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