Não os desiludas -
histórias da escola
Manuela Castro Neves
Livros Horizonte (2011)
As fadas não vão à escola(1)...ou
provavelmente algumas vão, em forma humana. A Manuela é com certeza uma fada,
uma voz humilde que reflete no que escreve a sensibilidade e ternura como aborda a sua
relação com os alunos na sua prática pedagógica.
Revejo-me nas suas palavras e
inquietações. Identifico facilmente situações vividas em ambiente escolar,
tendo a capacidade e o discernimento perante a convicção de que em muitos casos
nos sentimos sozinhas nas crenças no modo
de trabalhar e de olhar a escola “tive
de aprender a lidar com isso e a seguir em frente” (pág. 122).
Aborda a função do professor
(pág. 168 ), disposição da sala (pág. 184), auto estima e expectativas dos adultos (pág.
114), o professor que também erra e a criação de estratégias (pág. 171).
Um livro cheio de crianças
dentro, um conhecimento vivido de estar na escola, da vida na escola, das suas
estórias sensíveis, divertidas, que refletem, que chocam... guardadas na
experiência de quem as viveu com significado. O carinho que manifesta pelas
produções dos alunos, o respeito, a justiça e generosidade na relação
pedagógica, na abordagem ao papel dos pais, a literacia e as questões ligadas à
avaliação. O quanto me questiono porque rareiam professores assim na delicadeza
do trato, na sensibilidade ao outro.
A motivação torna cada um de
nós mais criativos, e a Manuela é criativa nas formas de ensinar, na propensão
para a escuta perante as necessidades e as expectativas das crianças, situações
que resolve em conjunto com os alunos com quem se depara na pedagogia
diferenciada no âmbito do modelo de trabalho do Movimento da Escola Moderna.
Um livro que se aconselha, (lê-se
na contra capa), sobretudo a profissionais que iniciam a profissão. Eu
acrescento que deve ser leitura obrigatória para TODOS, nomeadamente para os
que necessitem de algum auxiliar de memória em recordar o seu papel enquanto
agente educativo.
Um livro que deveria ser obrigatório
em cada sala de aula. Para que cada docente não perca o espanto de se encantar
em cada dia na sua prática diária, "no
respeitar os tempos de magia e, sobretudo, enquanto for ainda capaz de me
encantar” (pág. 189).
Elvira Cristina Silva
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