A Saga de um Pensador – O
Futuro da Humanidade
Augusto
Cury
Pergaminho
(2010 - 2ª edição)
Até
que ponto somos livres e não estamos “presos” nos nossos preconceitos?
Como
somos superficiais no julgamento que fazemos das diferenças dos outros (pág. 26)?
Alguns
indivíduos, num mundo formatado para poderem sobreviver necessitam de uma dose
de loucura, de aproveitar a vida e serem coerentes com ela, acreditando nela como
controlo encarcerado ou como forma de libertação (pág. 149).
Sempre
me questionei o que torna um homem num mendigo. Que histórias, que opções e experiências de vida o fazem enveredar por
esse caminho? Neste livro há uma óbvia resposta “Ninguém teria coragem de abandonar completamente o conforto social se não tivesse uma vida dilacerada” (pág.
40), “muitos dos que têm morada certa
passam pela existência sem nunca percorrer as avenidas do seu próprio ser.”
(pág. 42).
Repensar a sociedade e a vida individual é a
permanente reflexão que fica da leitura deste livro. Em forma de romance o autor
narra a história de Marco Polo, estudante de
medicina, numa analogia ao veneziano do século XIII, um indivíduo que questiona
o que o rodeia, um visionário idealista da humanidade.
Da sala de aula de Anatomia para a identificação dos
corpos estendidos, a busca das histórias de cada indivíduo para além de um
corpo inerte. A vida dos sem abrigo, do anónimos com que diariamente nos
cruzamos. Uma viagem pelas doenças mentais e pela indústria de antidepressivos não pondo em causa a
prescrição médica mas a reflexão sobre a banalização e a vulgaridade da mesma.
O modo como a sociedade e
a escola se encontram estruturadas, “mercado
de tédio, sem poesia e sensibilidade” (pág. 35), para disciplinar e uniformizar, não
permitindo que as pessoas se tornem indivíduos pensadores, livres e críticos. (pág. 151), “um grande hospital psiquiátrico ou uma sociedade de mendigos que não
abandonaram os seus lares, mas se abandonaram a si mesmos” (pág. 253).
A importância da escuta e da possibilidade de acreditar em sonhos (pág.114).
A importância da escuta e da possibilidade de acreditar em sonhos (pág.114).
Um livro que reflete a necessidade da compreensão e
aceitação do outro numa visão humanista e holística, necessárias na sociedade
atual, a fronteira entre a loucura e a sanidade mental, as relações sem
preconceitos. Um romance idealista para o que seria uma sociedade ideal. O
ideal de uma humanidade que tende a desorganizar-se. Fica o romance.
Elvira Cristina Silva
in: Sugestão de leitura da Newsletter nº 76 (outubro 2014) - 1.ª quinzena; pág. 10) Pro-Inclusão
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