Agarrem-me ou dou cabo desses palhacitos!
Rafeiro Perfumado
Depois dos anteriores livros
“A minha vida dava um blog” e “Are you ladrating to me” o autor atira-nos
com este livro (temos sorte em não nos atirar com um bastão, a julgar pelo
muito inconveniente comportamento humano, amplamente criticado por este canino).
Em nove capítulos, ou melhor
em dez, se contarmos com o capítulo quase nada, que é talvez o capítulo em que
se dá a conhecer (para quem não tem os livros anteriores, está bem de ver) e
demarcar a capacidade geracional do canino, precedido de um prefácio saudosista
sobre a diferença das gerações, todavia, não deixando de valorizar os exemplos
dignos da espécie em cada época.
Rafeiro Perfumado aborda
neste livro situações com odores desagradáveis mas verdadeiramente eloquentes
de fazer funcionar a massa cinzenta de qualquer animal que a possua. Um capítulo dedicado ao
sexo feminino, outro à sua jove (sim, que este rafeiro é cavalheiro),
expressões típicas, pessoas que mexem com os neurónios de quem os tem, as
férias, o trabalho e situações mais pessoais mas que dizem respeito a todos e a
cada um de nós são abordadas em cento e setenta e quatro páginas.
Nesta trilogia, não sei
mesmo se não deveria ser este o episódio Zero, onde o canino se dá a conhecer
nas suas individualidades e depois escreve os seus dois anteriores “best-sellers”.
Esquecendo a piada farsola
do último texto (sim, tenho também direito a alguma indignação) fica desde já
perdoado com a escrita do penúltimo texto (aliás devia ter acabado o livro ali
e pronto), os diversos textos refletem sobre temas tão diversos como a própria vida.
A educação de filhos irrequietos, o chegar frequentemente atrasado, tipicamente,
(infelizmente), característica tão atual portuguesa, pormenores à roda de
bilhetes de metro, situações curiosas tanto como saber as origens das mesmas; as
do Rafeiro, obviamente, repletas de humor; as idas a museu ou a festivais de
música, as redes sociais e tecnologias. Descodificando, Rafeiro escreve textos
hilariantes, à roda de progressos e desastres da civilização humana de forma humorística
e incisiva, nunca deixando de se incluir também ele na espécie de que faz
parte. É um retrato duplo de quem observa e se deixa observar como um comum
mortal.
Não gostar de Saramago e o facto de termos divergências futebolísticas
(pronto, safa-se a escolha leonina da Jove, essa santa), bem como o facto deste
exemplar que está em meu poder não ter ainda uma pegada canina, vulgarmente
chamada de autografo, não abona a seu favor. Contudo, tenho que me render a
mais um livro peculiar no trajeto mental que nos proporciona, até porque
contribuí para ter direito a agradecimentos personalizados na última página. Sim, senão vejamos: li o livro até ao fim, sem falhar uma letra (dispensava a
opinião sobre Saramago e o último texto, já referi isso?) e contribui para os
852626 exemplares que conta vender. Bem, também ofereci alguns exemplares a
familiares e amigos (sim, bem sei que estava a um preço razoável na feira do
livro mas posso acrescentar que o Saramago também estava em conta...). Prepara então Rafeiro a tua nádega
direita!...
Assim, para terminar,
resta-me solicitar a todos os que leiam este post que contribuam para a venda
de 852 mil e tal exemplares para que se concretize a promessa do Rafeiro.
Curiosos? Bem, o melhor que
têm a fazer é levantar o “rabiosque” do sofá e entrar na primeira livraria. É assegurado
que não vão dar por desperdiçado o dinheiro gasto. Risada permanente de uma
escrita humorística e inteligentemente canina.
ECS
2 comentários:
Agora sim, li com calma, com atenção, especialmente os sinais de pontuação, sinal de que não és uma Saramaguista para lá da salvação! Uma grande beijoca e muito obrigado pela crítica tão positiva, existissem mais 856.358 pessoas como tu e certamente teria de fazer a tal tatuagem!
Obrigada Rafeiro!!!Estou ansiosa por ver a tatuagem. Ah e pelo autografo, claro está.
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