terça-feira, 18 de março de 2014

Elvira & Cª - Histórias à volta do Natal

Dia 23 de março - 17h na Livraria Gatafunho
Largo 5 de Outubro, 9/10, 2780-225 Oeiras

https://www.facebook.com/events/264412550387046/?ref_newsfeed_story_type=regular

quarta-feira, 12 de março de 2014

Crónicas do Avó Chico – Nostalgia da minha infância no Alentejo

Crónicas do Avó Chico – Nostalgia da minha infância no Alentejo

Pedro Jardim
Chiado Editora (2012 – 2ª edição)

O título do livro desvenda desde logo o conteúdo abordado. O subtítulo remete para um relato nostálgico.
A intenção é propositada em ambos os casos.  
Partindo da definição de dicionário, nostalgia, significa literalmente a tristeza causada pelas saudades, neste caso, a de um avô.
O avô do autor, que este retrata através das memórias de infância, descritas neste livro em cenas soltas, referidas como cenas. Episódios vividos na infância do autor, sem qualquer ordem cronológica mas que se interligam num fio condutor, dando-nos a conhecer a sua vida, desde à infância até à atualidade.
Do avô, que escrevia poemas, o autor aproveita alguns para inserir na abertura de cada capítulo/cena, bem como ilustrações de Cíntia Almeida que constituem de certa forma uma antevisão do conteúdo a ser abordado.
Toda a narrativa gira em torno das memórias de infância e vivências vividas em Vila Viçosa em época de férias de verão. Tradições e cultura alentejana não são esquecidas, remetendo mesmo para um glossário dos termos e regionalismos.
Destas crónicas nostálgicas, como personagem fulcral sobressai, como é visível, um avô. Personagem que influencia definitivamente o autor, prestando-lhe homenagem através da escrita, de certo modo a perpetuar a sua existência.
É na fase das primeiras descobertas sobre  a vida, jogos de infância, factos da história e pequenas cenas do quotidiano, que estas crónicas incidem, período de vida definitivamente crucial e marcante no desenvolvimento. Os laços afetivos cruzam-se com as aprendizagens lúdicas, sempre lúdicas mas profundamente enraizadas.
De forma poética, embora escrito em prosa, lê-se de forma fluída e devora-se num ápice, que é como quem diz, lesse de um fôlego.
Pode num primeiro impacto, pensar-se que esta obra tem pouco a ver com a temática da inclusão ou com as temáticas da aprendizagem. Desenganem-se, é nos afectos das experiências individuais vividas que se constrói o Ser e as aprendizagens. O avó Chico sabia disso instintivamente e o Pedro recebeu como uma dádiva cada um dos saberes aprendidos. Assim deveria ser a escola inclusiva: professores com alma de avô. Um livro de memórias, memórias de infância repletas de afetos, afetos puros e genuínos.


Elvira Cristina Silva

In: Sugestão de Leitura: Newsletter nº 69 pág. 7 - março 2014 (1.ª quinzena) Pró-Inclusão

segunda-feira, 10 de março de 2014

Ó silêncio admirável leva-me de novo à Ilusão

Do inesperado e incerto se fez escolha. Sabiamente, como só os mestres sabem conceber foi apurado cada personagem. Soube-se gentilmente misturar caprichos e audácias. A vida dentro do teatro ou o teatro representando a vida (pois um é o reflexo de outra e esta se espelha naquele).
Fui cigarra, fazendo parte de uma assembleia em prole da mudança. Tal como a transformação que urge na vida em constante mutação, do Ter ao Ser, do receber em dar. Insta a partilha, a confiança mútua, a solidariedade.
Num tempo presente marcado pela acentuada competitividade do Ter, a experiência vivida revelou-se na amplitude do meu Ser. O palco é, foi e será “o palco da nossa vida interior”. Mas foi muito mais além, na comunhão da aprendizagem, do alento, da sensatez, a partilha dos espaços, os instantes escassos e fugazes de olhares e silêncios.
Feliz fui eu e serei, tal como a cigarra, de viver este tempo que em mim se entranhou, a mim que fere sem cura a paixão pelo teatro. Momentos únicos e irrepetíveis.  
Tão feliz eu sou. Porque é em mim que se instala agora, em cada poro este ensejo vivido, mesmo quando as lágrimas de saudade me secarem no rosto.
Belisco-me a mim mesma, agora, dirigindo-me à luz que me guia na vida. Belisco-me. Não foi ilusão, foi magia tornada vida na sua plenitude. Jamais se morrerá de tédio, enquanto houver Teatro, Lorca e Cintra. Debaixo do manto azul, pairará sempre na minha memória esta passagem pela Cornucópia.
Quem dera que este silêncio admirável me conduzisse de novo à Ilusão. Saudades, saudades, não me atormentem mais.
Mesmo quando tudo se esfumar e o tempo ludibriar a memória, a experiência, essa, nunca ninguém eclipsará.  
Ficará sempre!

Há-de ficar!

Elvira Cristina Silva


Foto: Nazaré de Sousa

domingo, 9 de março de 2014

Uma sombra no Reino da Cornucópia (ou, a curta saga de como vivi esta Ilusão)



O edital era claro. O Reino da Cornucópia corria perigo.

Qual apelo a roçar a desesperança, à turba era requerida prestação na forma dum empenho formal, cujo preito se pretendia absoluto. E eis que vindos de vários recantos circunvizinhos ao reino, ali chegaram muitas gentes prontas de tal entrega. Homens e mulheres, novos e velhos, altos e baixos, louros e morenos, e muitos outros cuja adjetivação se alongava, responderam em número generoso ao chamamento. Difícil terá sido a eleição. O douto soberano, esse, senhor intemporal de muitas outras batalhas travadas, entregou-se com os seus demais ao escolhimento de tal multidão, porventura desígnio ingrato pela eliminação previdente duns em detrimento doutros. Uma a uma, foram estas gentes ouvidas, como se duma profissão de fé se tratasse. Postas que estavam as declarações públicas que cada um fez dos seus princípios, coube ao soberano do reino a escolha dos seus cruzados. Seriam 59, número ímpar sem par. Agora, a verdadeira preparação iria principiar.

Em torno duma távola que não redonda, se procedeu à leitura comum da escritura. Passagem a passagem, assim ficámos a conhecer os propósitos que nos aguardavam. Cada um desempenharia a sua função específica, disso não restava qualquer incerteza. Quer agrupados por alas ou centrados no terreno, a táctica foi sendo delineada. O soberano nada descurava. Posições sabidas que quase estavam, foi o texto sagrado sendo assimilado até à exaustão. Que a ninguém restasse qualquer dúvida sobre aquele, que ao mais incauto poderia trazer a desventura. O movimento destas hostes careceu igualmente de muitos cuidados e receios, posta que estava a chusma várias vezes em presença no terreno.

O condestável, esse, coadjuvante máximo de tão nobre soberano, ao qual cuja fadiga por vezes se acercava, continuava tanto quanto possível incansável, marcando e remarcando horas sucessivas, pois que a tarefa se mostrava longa em tão curto espaço de tempo, e estas gentes tinham entre mãos outros afazeres.

Dia a dia a contenda foi sendo preparada. Chegado o momento da indumentária, cada um proveu-se das suas vestes de batalha, augúrio supremo de boa prestação na façanha que se adivinhava. As sortes estavam lançadas e laçados estávamos todos a um mesmo ideal, neste franco contubérnio.
A justa estava para breve.

Chegado o dia mor e dispostas que foram as hostes no terreno, numa disposição em vogal aberta quase perfeita, aguardou-se paulatinamente, dia após dia, a chegada contínua de vastas hordas, vindas sabe-se lá de que recantos afastados da imensidade.
Cada gesta prometia ser rija.

A caterva, ou completa ou parcial, removia-se no terreno em uníssono, recuos e avanços sucessivos, entrando e saindo seus pares consoante as imposições dos escritos, deixando o hostil estarrecido. Ora surgiam deste reacções pusilânimes mais ou menos esparsas, ora acometiam mais raramente brados sonoros que mais não faziam que, ao invés da desmotivação, aumentar a autoestima e a entrega à contenda dos destemidos cavaleiros de tal senhor.
Por fim a rendição era total.

Dia a dia se foi fazendo noite a noite cada vitória completa. O soberano reinante, que da batalha também fazia parte, acudia bem antes do final, para que o desnorte do auditório em torvelinho, conduzisse à sua própria entrega. E assim acontecia. Uns, abandonando vagarosamente o local da contenda, retinham ainda suas visões sobre aqueles 59 briosos cruzados, extasiados que estavam pelo feito alcançado, que festejavam com cânticos e danças o meritório triunfo. Outros, deixavam-se contagiar pelo calor da vitória e juntavam-se também ao folguedo, não se dando conta de vencedores e vencidos. Todos numa irmandade.
Por breves instantes o Mundo estava todo ali e parecia perfeito.

Eu, que como Sombra em tal momento servi tamanho soberano e seu infatigável séquito, olho agora para trás e vejo já um tempo de saudade imensa. Nunca a elucidação clara e a palavra reconfortante proferidas pelo monarca, foram parcas de conteúdo. Para esta Sombra, foi concomitantemente um tempo de aprendizagem e engrandecimento. Há no entanto um saber de função cumprida, cujas lacunas técnicas por mim ostentadas, tentei compensar pela entrega incondicional a esta empresa. Fui um privilegiado no meio de tantos outros.

Que nunca o Reino da Cornucópia soçobre por falta de apoio!
Que nunca o seu suserano se encontre titubeante perante tal incerteza!
Que nunca esta Arte deixe de o ser para o Ser, ávido que está de saber!
Que a nova invocação, decerto qualquer um dos 59 responderá prontamente!
Longa vida ao Reino da Cornucópia!

De…

…uma Sombra incondicionalmente grata e amiga.

Paulo Almeida

foto de:  Manuel Tomé Romano 

sábado, 1 de março de 2014

Ilusão na Cornucópia: Vários Lorcas, Um só Cintra




Somos muitos. Não, não é apenas que todos, juntos, sejamos muitos. É que cada um de nós é muitos. Eu sou muitos, tu és muitos, ele é muitos. A unicidade do “eu” é uma invenção, um mito, um engano que parece cativante, uma reconstrução intelectual. Essa multiplicidade do “eu”, as várias camadas de cada ser que se creia individual, permanente, uno: aí habita a crueza (a beleza?) da realidade. Talvez um dos mistérios do catolicismo que – paradoxalmente – faça mais sentido seja aquela ideia, bizarra para todos os não crentes, de que Deus é uno e trino ao mesmo tempo. Eu, que me conto entre os não aderentes, não vejo nada de extraordinário nesse mistério: se também nós somos um e muitos, sempre e simultaneamente e mutavelmente…

É nesse cada um sermos muitos que reside uma das sementes desta “Ilusão”, o novo espectáculo do Teatro da Cornucópia, encenado por Luis Miguel Cintra, que faz um texto a partir de vários textos do jovem Federico Garcia Lorca. Duas irmãs, num interior burguês, têm memórias, sonhos, medos – e nós vemos essas suas ilusões, esses recantos do seu interior, tomarem forma a três dimensões espaciais e numa linha de tempo que flui ali à nossa frente. É importante perceber que, como diz África logo no início, “Este palco é o teatro maravilhoso do nosso mundo interior”. E, claro, percebido isso, não nos espantarmos por também nós habitarmos o mundo interior de Luísa e Mercedes, as tais duas irmãs, que, embora as possamos ver em vários (seis) corpos, podem afinal ser só uma: verdadeiramente, não há medos nem aventuras interiores que sejam tão originais que não estejam sempre a ser vividas por outras pessoas que nem conhecemos, ou tenham sido ou venham a ser vividas por outras que já morreram ou ainda não nasceram. Se não compreendermos isso, pensando que são só nossos os nossos sonhos, estamos tão nus e tão frios e tão sós no mundo.

Cintra, ao montar os textos de Lorca, acrescentou uma frase de Tchekov (A Gaivota): “Estou de luto pela vida, sou infeliz”. E, aí, podendo parecer que nos fechava no nosso eu-ser-muitos, acaba por nos abrir ao nós-sermos-muitos aqui e agora, ligando-nos a uma rede complexa de planos que fazem a presente situação da nossa comunidade. No meio da proliferação de “arte sobre a crise”, que por aí anda (aos tropeções, por vezes, como escrevi a propósito de Coriolano no TNDMII: Coriolano: Shakespeare e a nossa crise), “Ilusão” é uma outra voz: uma voz que não nos diz como pensarmos, nem esclarece qual a nossa posição, nem faz por nós o trabalho de mostrar onde está a difícil fronteira entre o claro e o escuro. Há um “pormenor” da adaptação que Cintra fez aos textos de Lorca que exemplifica essa recusa da fala imediatista, que podia até tornar mais “popular” o espectáculo, mas não cabe neste palco. Na cena das “sombras” (almas), tirada de um poema em forma de peça ou de uma peça em linguagem poética, a certa altura há uma alma que cai à Terra para encarnar. Na versão original, em castelhano, essa alma é identificada: é a alma de um ministro que cai na Andaluzia. Hoje, em Portugal, isso daria uma vontade de rir espontânea ao espectador da Cornucópia (podemos vingar-nos rindo?!). Claro que Cintra pode ter evitado este excerto só porque não acrescenta nada e localiza demasiado o texto, mas, de qualquer modo, esta excisão poupa-nos às contingências sem grande valor e é assim todo o texto: descobrir o valor do que está fora da moda e preferir o terreno das alegrias com rumo.

O mundo é polifónico. E esta “Ilusão” também. Há aqui espaço (cenas) para a esperança e a doçura e a alegria talvez ingénua e talvez infantil; para a desordeira natureza (a fisicalidade dos corpos, os instintos) e para a natureza que simplesmente é, sem bem nem mal; para a morte e para esse engano de culpar a morte quando a morte ajuda a medir a vida; para a esperança ferida; para o medo; para o tédio da banalidade da vida; para a revolta. Há uma personagem (o lenhador Antão) que diz: “estamos num momento em que as pessoas não sonham, e se sonham não acreditam no que sonharam”. Desalento? Nem pensar. No texto que LMC escreve sempre sobre cada espectáculo, sempre intitulado “Este Espectáculo”, o encenador, desta feita, confessa-se longamente. E uma das coisas que confessa é esta: “Este espectáculo nasceu sobretudo de um desejo de alegria”. Já escrevi, há anos, que não vou à Cornucópia para me distrair, ou para ficar alegre – e justificava-me dizendo que vou ao Teatro do Bairro Alto para participar do teatro mais depuradamente metafísico que há em Portugal. Para ver teatro filosófico. Suspeito que Luis Miguel Cintra, se lesse alguma dessas críticas, não gostaria. Paciência. Mas o que mais importa agora é que Cintra me obrigou a aprender que não há nada de menos metafísico na alegria; que não há nada de menos espiritual na alegria – e que eu não compreendia isso por erro meu. Verei se comecei a compreender...

A dialéctica entre a dureza do frio e a beleza mágica da neve (mas não é fria a neve?) é a dialéctica dos vários aspectos que qualquer face do mundo sempre nos desafia a experienciar: o positivo e o negativo não são dados brutos que se nos impõem, sendo antes uma relação entre coisas e pessoas, entre múltiplas coisas e muitas pessoas, onde a nossa mão pode modular o valor – porque o valor não é “um facto da natureza”, mas uma relação em que investimos a nossa liberdade e o nosso compromisso. Há quem transforme o frio em neve – e desses precisamos para não sermos devorados pelos que transformam a neve em frio.


Postas as coisas como as tenho estado a pôr, pode pensar-se que este espectáculo só olha para o interior das pessoas. Talvez um interior revoltado, mas o interior. Seria como estarmos na posição do Príncipe, que diz a páginas tantas: “Vi todas as cabeças abertas como romãs e cabeças com os cérebros murchos como as flores debaixo de um sol de oiro.” Será que esta “Ilusão” é apenas um olhar para dentro, para dentro das cabeças? De modo nenhum. Esta “Ilusão” é também profundamente política. O candeeiro de petróleo que aparece no palco (e dá a cara pelo espectáculo, no cartaz) é o mesmo candeeiro de Guernica. Isso faz a passagem da temática individual para a temática colectiva, para a guerra, o sofrimento, a política e os que lhe fogem de forma aberta (o artista que se recusa ao empenhamento) ou disfarçada (por exemplo em nome de “valores mais altos”, que podem dar o pretexto para a hipocrisia), para a contestação possível e para os que se lhe referem com o desprezo dos idealistas um pouco distraídos. Onde tudo isto aparece da forma mais directa é na cena do teatro dos animais, nesse expediente tão conhecido da literatura que consiste em fazer dos “irracionais” o nosso espelho. É também aí onde primeiro aparece o encenador dentro da encenação.

Como muitas vezes acontece, tanto no teatro como na vida cá fora, nesta "Ilusão" há falas sérias ditas a brincar e folguedos (ou desculpas esfarrapadas) atiradas com uma deslocada pretensão de seriedade (habituem-se, porque o mundo não vos é dado com os sentidos todos em ordem e "fazer um mundo" é árduo). "O mundo é um brinquedo sem dono" (como pretende a sombra de Sócrates) ou é "a caixa dos brinquedos" dos deuses (ou de Deus)? Ou somos, humanos, brinquedos de outros humanos, nem mais nem menos? Esta "Ilusão" não responde. Abre, contudo, a cada espectador, uma porta. A sua porta. A sua possibilidade. Ou será mesmo uma responsabilidade?  

Esta “Ilusão”, um projecto especial da companhia Teatro da Cornucópia acerca do qual já escrevi aqui (Uma “Ilusão” na Cornucópia), dá-nos a ver o que anda dentro de nós. Nem sempre é bonito de ver aquilo que nos passa pela cabeça: por vezes espreitamos à janela e fugimos, como fazem algumas das mulheres desta peça em certos momentos, olhando para o que fantasiam. Mas temos aqui uma oportunidade de o fazer sem que nos queiram dar lições. Esta “Ilusão” não é um sermão sobre a crise, é uma forma de viver sem deixar que a crise faça de nós tudo o que lhe apetece.

Há quem proteste contra os sonhos, que vêm meter-se na nossa vida e complicar tudo. Como diz o Gigante: “Isto é intolerável! Eu sou um homem honrado e é terrível para mim pensar que eu, que nunca me meti em casa de ninguém para não incomodar, agora venham esses sonhos fugitivos brincar para a minha chaminé. Os sonhos bem podiam ter ficado fechados lá nas suas covazinhas, que ninguém os chamou.” E, de facto, os sonhos podem acabar mal. LMC, num tom de lamento, diz ser este “um espectáculo ainda do século XX”. Mas, por quê lamentar-se disso: são do século XX os sonhos que já sabemos como acabam mal, são do século XX os sonhos que nos traíram e que levaram a nossa menina e a devolveram morta. Se tudo o que está neste espectáculo podia habitar a nossa imaginação, por que evitar que estejam neste espectáculo os nossos sonhos nados, criados e traídos no século passado? Enquanto magicamos os novos sonhos, quem sabe.

Contudo, esta “Ilusão” dá-nos a oportunidade de sonhar de mãos dadas e sem opressões. Lorca queria ultrapassar o teatro burguês. Lorca podia não ser grande a escrever teatro, mas deu material para Cintra, afinal, deixar de se preocupar com o teatro burguês de uma maneira lindíssima: com este teatro poético. Um teatro poético em tudo, incluindo na forma de pecar, um pecado para o qual atraiu cerca de 60 não profissionais: «O nosso pecado para a política que nos oprime é justamente aquilo que levantámos como bandeira: existir sem fins “lucrativos”.» Mas, atenção: suspeito que, para Cintra, “a política que nos oprime” não é de hoje, sendo, antes, em grande medida, a própria essência da política. Nisso talvez discordemos. Talvez por eu ser, pecaminosamente, mais utópico do que o encenador. Afinal, uma coisa muito "à século XX".

(Estreia: quinta-feira, 20 de Fevereiro. Fica em cena até 9 de Março. Como é habitual nos meus comentários sobre teatro, mas desta vez por razões mais específicas e pessoais, não entro no plano da apreciação da interpretação. Mais informação no sítio da companhia:

Teatro da Cornucópia.)


in:
http://maquinaespeculativa.blogspot.pt/2014/02/ilusao-na-cornucopia-varios-lorcas-um.html

Leituras

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Os livros que se seguem apresentam as minhas opiniões sobre os mesmos. Exclusivamente o meu "ponto de vista". EC

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